A ética é um conjunto de decisões, princípios e valores com o fim de guiar e orientar as relações humanas. Esses valores devem ter característica universal, e têm de ser válidos para todas as pessoas por um tempo indeterminado. Mas este conceito não tem sido posto em prática, inclusive na criação dos filhos.
Nos últimos tempos, a escola e a mídia vêm assumindo praticamente sozinhas um papel que deveria ser dos pais: o de educar as crianças para a cidadania. A sociedade sofreu transformações e, com isso, mudaram os valores éticos inseridos nela.
Antigamente, era a escola que se encarregava com a transmissão da cultura (tendo o professor como centro de conhecimento) e à televisão só restava a função de entretenimento. Hoje, o papel de transmitir valores morais às crianças, antes realizados pelos pais, passou a ser indiretamente executado pela escola e pela mídia.
Não que os pais estejam acomodados com a situação. O fato é que eles trabalham mais e passam menos tempo com os filhos. A mãe que antes ficava em casa e ensinava valores éticos agora trabalha fora e, em alguns casos, é quem sustenta a família. Esta realidade está estampada nitidamente nas escolas. Os pais, pelo fato de se sentirem culpados por essa ausência, ao chegarem do trabalho, acabam tornando-se tolerantes, deixando de ditar limites e mostrar o que é certo ou errado.
Os pilares da educação infantil, a família, esquecem muitas vezes que educar é promover o crescimento e o amadurecimento da pessoa referente a todas as sua dimensões, tanto material, moral como também religiosa. Os pais esquecem que a célula mãe da sociedade é a família. Se a família não vai bem, a sociedade perece.
A principal carência dos filhos é a falta de ética dos pais, onde estes deixam de dar amor e atenção aos filhos, são omissos e estão ausentes na educação destes, e ainda muitos dizem que este papel de educadores são deles, mas sim da escola. Observa-se um dos principais erros cometidos por eles: não ter tempo para os filhos e jogar suas obrigações e responsabilidades para a escola. Os pais esquecem que educar os filhos significa estar com eles e acompanhá-los no dia a dia.
Os pais a fim de suprir sua ausência na educação dos filhos, assumem comportamentos que acabam por confundir e desestruturar as crianças. Por terem essa atitude acabam tornando-se negligentes. Muitas vezes, os pais agem assim por sentirem-se culpados pelo insucesso do filho que foi gerado e criado por eles. Essa realidade reflete a incompetência da família no processo formativo do indivíduo. Se os mais velhos não transmitem a educação, os usos e costumes para os mais novos, fica difícil avançar a educação nas escolas, pois os professores ficam com uma dupla missão:assumem o papel dos pais, tentando passar valores, atitudes, respeito, e a partir daí prosseguem em suas aulas, sendo muitas vezes interrompidos pela falta de educação dos mesmos.
Essa carência de atenção dos pais reflete no desenvolvimento afetivo, moral e intelectual das crianças. Nos ambientes familiares carentes, a TV se torna um meio para compensar as carências e frustrações sofridas em casa.
É possível demonstrar também o papel do professor que a TV assume. Onde na maioria dos casos é a responsável pela transmissão de valores e conhecimentos que trazem malefícios às crianças, por exemplo, o amadurecimento precoce e a banalização de assuntos como sexo e violência. São imagens fortes que, a partir de então, passam a interferir na construção da personalidade, de seu mundo interior, do caráter e na maneira delas de verem e entenderem o mundo em sua volta. Sem falar que este grupo infantil é o público que mais assiste TV, e um conteúdo direcionado para bem acima de suas faixa etárias. E quem decide que programa é bom ou não são eles mesmos. Eles passam mais tempo em frente à TV do que na escola ou com os próprios pais. Estes fatos são a realidade que os professores encontram e enfrentam diariamente.
Trabalhamos a ética e a moral na educação infantil vivendo-as, demonstrando-as aos nossos alunos através dos nossos atos, da nossa postura, das atitudes e dos valores aos quais acreditamos. Não se ensina moral e ética, vivencia-se.
Marcelo Moura
Ana Eleonora S. Assis
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