O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Roberto Busato, afirmou hoje (28), em Florianópolis, que o Brasil vive uma crise sem precedentes no campo moral e está com a ética completamente em frangralhos. "O Brasil, em termos de ética, está totalmente em frangalhos. Com as denúncias tornando-se, cada vez mais, diárias, chegamos à crise do lenço de papel. Tira-se um e, em seguida, aparece o segundo lenço e assim sucessivamente", afirmou Busato, que está em Florianópolis para ministrar palestra no seminário promovido pelo Tribunal de Contas de Santa Catarina: Corrupção e Sociedade - o que pensar, o querer, o fazer". Busato afirmou que a presente crise política no país - que é, acima de tudo, uma crise de ética -, indica a imperiosa necessidade de profunda revisão nas instituições públicas brasileiras. "Precisamos não apenas reformar o Estado, os partidos políticos, as leis eleitorais, mas, sobretudo, reformar mentalidades, associá-las a valores que se distanciaram de nossa prática política". Os recentes escândalos políticos envolvendo o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, ainda na opinião do presidente nacional da OAB, expuseram aspectos frágeis da democracia que, lamentavelmente, não constituem novidade. Ele citou o exemplo de Dom Pedro II, que, em 1870, constatou em uma reunião ministerial que "as eleições, como se fazem no Brasil, são a origem de todos os nossos males políticos". "Cento e trinta e seis anos depois, quem pode contraditá-lo? Se o modo como se fazem as eleições no Brasil de hoje não é a origem de todos, é, pelo menos, a origem de parte substancial de nossos males políticos", afirmou o presidente nacional da OAB, fazendo referência às duas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) em andamento no Congresso Nacional.
Para Busato, a população não só quer como exige um outro país, mais ético e com moral. "Temos que ter esperanças de que o Brasil vai se recompor mais uma vez dessa crise", afirmou. "Não tenho dúvida de que, nos tempos em que vivemos a governabilidade estará cada vez mais associada à credibilidade. E esta depende única e exclusivamente do cumprimento dos postulados éticos por parte dos governantes", finalizou.
Extraído de: OAB - Santa Catarina - 28 de Março de 2006
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